Linha Verde
- alecrimcultural
- 22 de fev. de 2018
- 2 min de leitura
Outdoors são dispositivos para exibição de imagens publicitárias. Imagens publicitárias – fotografias ou não – são catalizadores de desejos, buscam atrair para si os olhares de possíveis consumidores. Neste ensaio, inverte-se o olhar, o suporte para a imagem é alvo do registro e transformado em imagem a ser contemplada. O vazio como lugar do desejo. Sua condição é de inutilidade, sua função não é cumprida, compondo uma paisagem com carcaças de metal, madeira, lonas e papeis sobrepostos e rasgados, cenário que evoca abandono. A imagem manipulada em preto&branco x cores destaca o espaço vazio dos outdoors, evidencia o que ali já os precediam em existência, a paisagem, a cidade, a via urbana. O vazio aponta para o que ali já estava, já era. O registro fotográfico constata um sinal de decadência, mas também propõe outra leitura para estes artífices do mercado: o outdoor, a imagem publicitária, o desejo, o esquecimento de si mesmo e do entorno pela força do consumo. O que agora existe para se desejar? O ensaio se completa com a imagem do outdoor inserida si mesmo, em profusão abissal. A imagem difusa de si mesmo revela o desejo insaciável por ele outrora propagado. Narciso afogado no próprio reflexo.
As fotografias foram realizadas ao longo da MG 10, nomeada Linha Verde, liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional de Confins. Parte da região norte da capital e atravessa os municípios de Santa Luzia, Vespasiano e Confins. A região, conhecida como Vetor Norte, despontou-se nas últimas décadas como a região de maior crescimento na região metropolitana. A via é o primeiro contato (para quem chega por Confins) com a região metropolitana, logo, espaço desejado para exploração publicitária.




















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